Cidadania:
o exercício que transforma
Acorrentado pelos elos de uma cultura escravocrata, o Brasil ainda arrasta um nível muito elevado de desigualdades que aprisionam o povo em misérias aquém das econômicas.
O velho modelo político, não acompanhou o salto tecnológico e “econômico” que o fenômeno da globalização imprimiu em nossas vidas. Se hoje nos incentivam ao consumo de toda esta rede globalizada, pouco se trabalha no sentido de capacitar os indivíduos à superação da constituição política: “que a democracia cresça por si só, sem os adubos necessários para a sua hegemonia" – devido a isto “que o povo aprenda pagando por suas ações ou omissões”: este tem sido o lema.
Todas as vezes que nos flagramos diante de situações que causam indignação ou medo, introjetamos a sensação de um fracasso que alimenta o inconsciente com a fantasia de que precisamos de heróis, como se a transformação estivesse além das nossas possibilidades.
Não, não está. Não precisamos do outro para vencer nossas batalhas, já somos heróis das lutas cotidianas. Precisamos de representantes que honrem os nossos valores, valores estes diferentes da corrupção, da impunidade, do malogro, etc.
Vinculado ao papel social, ser cidadão é exercitar os direitos e deveres inspirados nos bens relativos à nossa criação, à nossa visão de mundo, de intenção e projeção da realidade e, sem exclusões, é atuar como agentes que intervêm diretamente no processo que aspira à igualdade e à justiça.
A cidadania é um caminho desalienante, que nos afasta do sentimento de descrença e impotência diante da realidade e, portanto nos conduz à ação capaz de modificar as estruturas, mesmo as mais corrompidas.
Convergindo para parâmetros éticos e morais pelos quais se orientam os indivíduos é possível reconhecer pelo arquétipo do poder até que ponto a temos mitigado.
Se o cenário político reflete a escassez e o abandono, sintomático que sejam esses os valores determinantes das massas.
Resta saber, até quando?
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