Debate: das propostas à outorga
O processo eleitoral compreende a um período único que permite a nós eleitores exercermos, mutuamente, os papéis de agentes transformadores, ao de mero indivíduo componente das massas.
É possível, através de uma análise séria e cautelosa, conhecermos sobre questões que vivem despercebidas sob nossos narizes: onde falha a memória, sobram idéias e discussões conceituais trazidas pelos candidatos.
Pertinentes e reveladores, nem sempre os debates se concentram em questões fundadas na intenção de alterar o status quo, mas escondem, de fato, a vontade de aniquilar os adversários, ainda que o teor demagógico comprometa a perspectiva do raciocínio que poderia contribuir para o esclarecimento do eleitorado.
Reflexo de uma política cambiante e pouco dada a nivelar os direitos e as garantias, colocar o indivíduo a pensar é menos proveitoso do que introjetar idéias prontas. O raciocínio, estimulado e bem conduzido ameaça a continuidade do poder hierarquizado e permanente.
De forma bastante sensível, é no período eleitoral que esses contrastes ficam um pouco mais evidentes, revelando uma política, cuja estrutura violenta cotidianamente os princípios basilares de sobrevivência dos indivíduos em sociedade.
Podendo influir diretamente no poder, o voto, se amadurecido com acentuada isenção emocional, permite resultados salutares, mesmo que a estrutura política ostente um caráter quase imutável. Reservado à massa, é um poder alternativo, e saber direcioná-lo é servir-se de um instrumento defensivo e revolucionário.
Mesmo não acostumados a cultuar o pensamento como forma de libertação - como faziam os gregos - é possível se beneficiar do debate, uma herança deixada por eles. Argumentar é dar forma ao pensamento e mais o que pensam do que o que dizem, o confronto de idéias mediado pela palavra, instrui o votante para uma escolha mais racional, se com certo requinte, nos debruçarmos atentamente sobre a figura dos elegíveis.
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