Perfil do entrevistado:
Destacado como um dos melhores gestores da área, assim apontado no Encontro Nacional de Secretários da Educação pela terceira vez consecutiva, Osório Luís Figueiredo de Souza retém diversos prêmios que o apontam como um administrador apto a conduzir um modelo de gestão consolidado na democratização das escolas municipais.
Há sete anos administrando a Secretaria de Educação e Cultura, o professor Osório, como é conhecido, vem exercendo suas atividades com sucesso, e devido ao bom desempenho gerou uma expectativa em torno das eleições 2008, cujas especulações o apontavam como um forte concorrente à sucessão do governo.
Premiado pela UPEE - União dos Profissionais de Educação do Estado nesta última sexta-feira, o sindicato dos profissionais o escolheu entre os gestores, nomeado pelo Conselho devido ao imensurável teor do seu trabalho, cujo sucesso prima pela valorização do elemento humano enquanto receptor e operador da educação como um direito fundamental.
Cumulativamente à gestão da rede pública de ensino, atualmente empresta ao PSDB - Partido Social Democrático Brasileiro a responsabilidade de presidir uma das siglas mais importantes do nosso processo político-eleitoral.
Jornal A Voz da cidade:
Prof. Osório é um prazer tê-lo conosco. Preliminarmente, precisamos saber como devemos tratá-lo: Secretário, professor ou pré-candidato?
Osório Luís:
Carla Lessa, uma vez improcedente a hipótese da minha pré-candidatura, ficarei à vontade com o tratamento dispensado na qualidade de gestor ou de professor, ambas as atividades que exerço com muita satisfação. Mas torno público que dentre os pronomes de tratamento acumulo o de presidente do PSDB, sigla a qual pertenço satisfatoriamente há alguns anos.
Jornal A Voz da Cidade:
O prêmio Palma de Ouro lhe enquadra pela terceira vez consecutiva como um dos melhores gestores da área. A que atribui o mérito, e dentre os projetos político-educacionais, qual valorizou o seu trabalho à frente da Secretaria de Educação e Cultura?
Osório Luís:
Este prêmio advém de um programa que avalia os profissionais com a intenção de incentivar a qualidade através dos modelos de gestão que estão dando certo. Adotamos um projeto que investiu na democratização da educação enquanto um pilar de equilíbrio da relação escola-sociedade e penso que a importância em manter este equilíbrio permeia todas as demais ações voltadas a melhorar a qualidade do setor. O segundo ponto de valorização exige do profissional um plano de gestão viabilizado através do curso de gestores. Isto significa que o profissional da educação reparte a responsabilidade de pensar e criar soluções para a administração do ensino público. O horário escolar ampliado foi o terceiro elemento de contribuição para reforçar a valorização do nosso trabalho. Hoje, por iniciativa das secretarias das escolas e da autonomia concedida a estas, criamos uma alternativa para manter o aluno na escola o maior tempo possível. A extensão do horário extracurricular permite uma integração aquém das salas de aula. Esses foram os três aspectos responsáveis pelo reconhecimento do trabalho da nossa equipe.
Jornal A Voz da Cidade:
A democratização das escolas pressupõe a máxima integração entre as unidades escolares e o seu destinatário final que é a sociedade, repartidas entre estas as responsabilidades de administrar e fiscalizar as verbas públicas. Como é possível manter este modelo de gestão sem que a sociedade abandone o papel que lhe cabe na relação com as escolas?
Osório Luís:
Este modelo foi organizado com o sistema municipal de educação que visando à regulamentação, inclusive no tocante à autonomia dos gestores das unidades, erigiu a Lei Municipal da Educação. Nascida através de reuniões seqüenciais com as escolas, após inúmeras discussões a lei foi aprovada e deu subsídio para a criação de um Conselho construído também junto às escolas. Do trabalho em conjunto nasceu a Lei e o Conselho de Educação. O próximo passo foi implantar a eleição dos diretores das escolas, o que no modelo anterior funcionava através de indicações. Com pelo menos dois instrumentos válidos para orientar, tanto os gestores quanto a sociedade, e com o avanço das eleições dos diretores das escolas, a consolidação da fiscalização ocorre, porque a Lei obriga que os gestores trabalhem em parceria com as famílias para que as escolas deixem de ocupar o papel exclusivo da educação e seja aliada à estruturação familiar enquanto sedes de exercício de um direito fundamental. Embora sutil, a eleição dos diretores tem um papel importante para a democratização, pois supera aquele padrão de ocupação das diretorias baseado na relação política. Com esse novo modelo, todos seguem o que a lei orienta e a disputa passa a configurar sob critérios mais justos e ao mesmo tempo igualitários.
Jornal A Voz da Cidade:
Com uma identidade agrícola, potencial turístico inexplorado, por que não introduzir uma escola técnica capaz de qualificar a mão-de-obra para esses setores?Dada a expectativa do pólo petroquímico já foi pensada a possibilidade de introduzir cursos de qualificação visando o complexo petrolífero?Como profissional da área, o que o professor Osório tem a dizer da qualidade do ensino à distância?
Osório Luís:
A PETROBRAS fez um planejamento de cursos nos municípios visando o COMPERJ, inicialmente seriam ministrados apenas
Jornal A Voz da Cidade:
Vamos falar sobre política?
Em junho teríamos a convenção do PSDB, uma vez adiada, como está o processo da convenção da legenda? Houve divergência para a escolha do seu nome à presidência?
Osório Luís:
Nossa convenção foi cancelada por conta de haver apenas a apresentação de uma nominata e também por um erro de edital. Devido a isso fui nomeado o presidente provisório para que até o dia 21 de outubro possamos realizar a nossa convenção e assim efetivarmos as eleições para a presidência, a executiva e o diretório. O fato de eu assumir a posição de presidente se deu por conta da necessidade de estarmos construindo um partido que tenha a sua função social bem consolidada. Houve uma resistência, mas não uma divergência capaz de comprometer a meta de reformulação desta relação do partido com sua função social. O grupo entendeu a idéia como sendo necessária. Então, temos a proposta de estarmos fazendo com que o grupo do PSDB busque da sociedade os seus anseios e impulsione os políticos do partido, que estejam participando do governo, para que dêem a ela uma resposta positiva. A viabilidade deste caminho será construída em parceria com o cachoeirense, através de discussões estabelecidas em um fórum de debates, onde as comunidades apontarão suas necessidades e nos ajudarão a pensar soluções para saná-las.
Acredito que a discussão social só tem a amadurecer a relação dos partidos com a sociedade como um todo, porque muitas vezes a resposta advém de uma solução óbvia, que nem sempre o político, eleito através daquele partido consegue vislumbrar, enquanto o cidadão desta ou daquela comunidade pode melhor apontar qual é o caminho mais viável para as soluções.
Jornal A Voz da Cidade:
Esta reformulação é algo mui inovador na história do PSDB cachoeirense e rompe com uma estrutura aparentemente hermética e muito mais voltada para o grupo. Esta nova identidade do partido visa às eleições 2008 ou constrói projetos aquém das disputas eleitorais? O que ficou da sua estrutura original? Há a possibilidade de o PSDB compor com outros partidos para o pleito eleitoral?
Osório Luís:
É claro que toda proposta política visa à participação no processo democrático, não dá para montar um projeto político que tranceda os interesses eleitorais. No entanto, precisamos olhar o município a partir da sua realidade, visando um desenvolvimento necessário e urgente. Queremos sim, construir algo que se puder ser exercido no próximo pleito, já esteja em andamento, porém, o caminho hoje construído - e penso que deve ser uma construção continuada a cada momento independentemente do período eleitoral – este caminho deixará para os próximos representantes uma herança de projetos executáveis pelo prefeito que vier a ocupar a administração. O que ficou do antigo PSDB continua sendo a solidificação do trabalho
Jornal A Voz da Cidade:
Dentro dos compromissos mantidos pelo PSDB, a candidatura do Sr. Secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, Rafael Muzzi de Miranda afetou a estabilidade do partido? Especula-se a recepção do pré-candidato, caso ocorra sua saída do PMDB? Se negativa a resposta o apoio à sua candidatura permanece?
Osório Luís:
Afetar a estabilidade eu já não diria. O que ocorreu foi uma profunda surpresa pelo apontamento do nome, não por não acreditarmos ser o Rafael incapaz para a concorrência, mas porque fora definido previamente que o nome apontado seria baseado numa pesquisa. Talvez pelo excesso de candidatos o prefeito tenha chamado para si a responsabilidade e decidido lançar o nome. O importante é dizer que uma vez apontado não há ressentimentos, vez que sabemos o nome disposto a trabalhar os valores nos quais o nosso partido acredita serem positivos para o município, acima de qualquer outro interesse.
Recepcionar o pré-candidato é uma possibilidade cuja resposta só cabe ser levantada mediante as decisões que o PSDB deliberar
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