Padrão de qualidade


Em defesa da fidelidade partidária, a reforma política encerrou um padrão migratório que fazia parte dos interesses mantidos por conveniência e subjeção.

Encerrada a dança das cadeiras, a promiscuidade com que tratam os valores na política não se deu por encerrada, se considerarmos que as conquistas pelo poder ainda levarão muito tempo para se calcarem com a devida honestidade, tão necessária e enriquecedora ao bom galopar das instituições.

Frustrando as expectativas sobre a qualidade de quem pretende ocupar os cargos públicos, a Lei não mexeu com os critérios mínimos para a admissão dos concorrentes, podendo se candidatar todo brasileiro, maior, alfabetizado e apto a praticar todos os atos da vida civil. Ah, contraditória democracia que em essência não previne o povo de representações pouco ilibadas!

No Brasil, não tratamos a política do mesmo modo como os diversos ramos do Direito que exercem um papel, fundamentalmente, de prevenção e de controle. Sempre dissociamos esta atividade do Direito e a limitamos para um exercício alienado da prevenção: ainda não ouvi falar sobre medidas impeditivas de desvios e corrupções, o que existem são as sanções propriamente, quando a falta de caráter já prejudicou um ou diversos direitos sociais.

Os partidos já se abastecem com inúmeros candidatos ávidos por alcançar o poder. Em sua grande maioria, o comprometimento com o ofício deriva de uma idéia - infelizmente verdadeira - de que este é o meio para se ganhar dinheiro fácil – considerados os desvios do erário público e suas conseqüentes impunidades. Em outro aspecto, há os que concorrem porque as legendas precisam preencher seus números com pessoas aptas a gerar quantidade de votos – algo não menos nocivo que engordar os bolsos - ganhando em quantidade a qualidade se reduz na fração.

Não alcançamos, ainda, o ideal, mas um importante passo foi dado rumo a uma tentativa de mediar o aprimoramento necessário: foi substancial o imperativo da Lei pontuar a posição cativa das legendas.

Como não deriva desta a revitalização de um parâmetro ético-moral, é obrigação nossa mudarmos a tônica do padrão estabelecido. Para isso não é necessário nenhuma reforma, basta enquadrarmos em nossa opção o candidato que se torne o mais próximo possível da qualidade almejada somada à necessária conduta moral, tão salutar ao ideal republicano.

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