Que atire a primeira pedra!


Faltando poucos dias para o encerramento das eleições, ainda é flagrante como determinados grupos defendem, com certa agressividade, valores e ideologias que se pretendem acima do bem e do mal.

Na arte isto é possível, mas na vida real, somos passíveis do erro. O aprimoramento se dá em meio à humildade utilizada para aprendermos através das limitações, e se necessário, sob o rigor das punições previstas em lei. No exercício da vida pública as limitações são inesgotáveis, por isso não há ninguém isento dos erros do ofício, nem mesmo aqueles cujo caráter se reconhece ilibado.

A atividade política não é exata, técnica ou estática. É sensível, sujeita às variações de um sistema movido por pessoas dotadas de uma carga imensa de subjetividades. As possibilidades de errar são maiores do que nas atividades que dispensam o poder. Por isto, as leis direcionam o ofício, no que sem elas se restaria sem governo.

O que mais chama a atenção para os discursos eleitorais, é insurgir do inconsciente esta falsa idéia de que quem está no comando não exerce corretamente o seu dever, e quem está fora dele, poderia corrigir os erros resultantes das corrupções, dos desvios, do mau caráter, intocáveis, portanto, do mal apontado. Essa noção equivocada reflete uma sociedade historicamente programada para abandonar a interação com as instituições públicas e levada a crer que seus direitos serão viáveis se substituídos os seus representantes.

O vazio desses discursos consiste num jogo de palavras que não propõe uma saída, porque a crítica, normalmente tem por intuito apontar as falhas em toda a extensão do poder, levando, a pulso, à desmoralização. Além do fato de se assentar numa motivação pessoal e temporária.

Raramente, quando fruto de uma oposição política verdadeira, os discursos antigovernistas se comprometem com soluções, e se consagram sob a análise dos diversos setores administrativos e suas particularidades. E por certo, não atribuem somente ao fator humano a margem de erro, porque se depreendido com autocrítica, também se reconhecem em condições de igualdade.

Por fim, a palavra que defende mudanças não pode ser inflexível à variação de escolhas e posicionamentos. Pressupõe considerar novos caminhos por onde posam transitar boas alternativas sob um olhar coerente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário