Poema para embalar meu ego


Houve um tempo em que te desejara

E plena era a expectativa da tua vinda: noites embaladas ao som das ondas, ruídos de vento, barulho das folhas sacudidas pelo temporal...

Quisera te transmitir a sensação dos meus sentidos - antes mesmo de te segurar em minhas mãos.

Assim, te permiti o colorido da chuva nas tardes de sol, o barulho das águas engolindo os rios, o resplandecer do verde novo nas matas, o mar das ilhas, com direito à sombra dos coqueiros, espuma e sal.

Contei vaga-lumes e lhes dei nomes esquisitos, depois comparei com as estrelas que contornavam o teu signo. Fiz do escuro do quarto um mini-cosmo - quis te dar a emoção de Neruda ao falar sobre a Terra -, cantei cantigas, contei estórias...

Íntimo com os astros, outro dia me disseste: - “ Mãe, hoje é noite de eclipse. Preciso chegar”!

Ah, Gabriel! Que correria! Felicidade maior não podia me proporcionar.

Consumada, a tua presença me permite um amor que me invade, todos os dias, e teus olhos são como estrelas que me contemplam com olhar de criança.

Novos embalos, agora, nos fazem adormecer (e também fazer bagunça antes de dormir). E pelas manhãs, a tua existência motiva a festa dos meus sentidos, e o calor do sol vem em comunhão com os olhos, ouvidos, mãos, aguçar o cheiro e o sabor da Vida.

Meu tempo de te amar é sempre. Mas no dia dos teus anos, enquanto velava o teu sono, soube bem o que quiseram dizer os versos do Chico:

“Preciso não dormir até se consumar o tempo da gente,

preciso conduzir um tempo de te amar, te amando devagar e urgentemente...

Depois de te perder, te encontro, com certeza, talvez, no tempo da delicadeza,

onde não diremos nada, nada aconteceu,

apenas seguirei, como encantada, ao lado teu”

Meu filho, cresça devagar!

Feliz aniversário!

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