Perfil do Entrevistado:
Filho de Alice Abunahman Assaf e de Mário Simão Assaf, Dr. Mário Jorge dispensa maiores apresentações, pois o sobrenome fala por si e se não bastasse, aos 36 anos torna-se prefeito, adotando o PMDB como mais uma camisa vestida com respeito e paixão.
Ex-aluno da Fundação Anchieta, a atual Fundação Leão XIII, e do Quintino Bocaiúva, onde recebeu a base de formação para o ingresso na vida acadêmica, é formado em medicina pela Faculdade de Teresópolis e concluiu pós-graduação em Saúde Pública, Geriatria e Gerontologia, no Rio de Janeiro.
Trabalhou seis anos como acadêmico e há vinte e oito anos como formado no Hospital Municipal tendo como mestre seu pai, Mário Simão Assaf.
Concorrendo novamente às eleições, este botafoguense entra em campo com vontade e garante que a maturidade política trouxe para as suas pretensões a humildade e a lucidez que o tornam mais apto ao jogo político.
Fundador da Escola de Samba Espere Por Nós e do Bloco dos Presidiários e ex-presidente do São José Atlético Clube, nossa redação recebe com carinho o entrevistado desta edição.
Jornal A Voz da Cidade:
No momento de sua ida ao partido havia um pedido de prévia aprovado, majoritariamente. Com a justificativa de que o estado só admitia a convenção após 5 de outubro, não houve consolidação em detrimento ao prejuízo que poderia causar ao seu requerente. O que tem a dizer se neste caso, o fato acontecesse com sua candidatura? A decisão pela sigla sofreu apoio dos seus dirigentes? A que deve este apoio, já que o partido contava com pelo menos dois nomes para as convenções?
Dr. Mário Jorge:
É um partido de lutas sociais e grandes líderes desde o MDB. Escolhi a sigla por paixão à sua história, e em Cachoeiras seu diretório, sempre muito organizado, refletia o mesmo anseio pelas conquistas sociais. Aceitei o convite do seu presidente num momento em que muitas pessoas me procuravam com a expectativa de me ver candidato. Já pensava em me candidatar e o convite reforçou esta expectativa minha e das pessoas que confiam no meu amadurecimento. Entendo que isso é uma forma de apoio. Meu nome, como o dos demais, seria naquele momento mais uma opção para o quadro de candidatos. Quando lá cheguei fui avisado de que disputaria uma prévia e ao aceitar as normas da casa decidi cumpri-las.
Jornal A Voz da Cidade:
Como sente a recepção dos partidários tendo o Sr. Ari Brum como seu concorrente? Se perder para ele existe a possibilidade de vir como seu vice?
Dr. Mário Jorge:
Não trato o Ari como um rival, somos colegas de partido concorrendo às convenções. Temos respeito mútuo, mas isso não impede que hoje eu e ele sejamos candidatos concorrendo a uma vaga. O PMDB me recebeu com simpatia, me sinto bem tratado e vejo que dentro da disputa para a convenção o clima não traduz nenhuma rivalidade. Na conversa firmada com algumas pessoas, sinto franqueza e consideração e vejo o diretório muito firme. Sobre a vice-candidatura, existem vários nomes, ainda é cedo para definir essas coisas. Também creio que no partido as pessoas devem demonstrar o que desejam. Acho que nenhum candidato deve fechar a possibilidade de escolha do seu diretório.
Jornal A Voz da Cidade:
Quem pretende apresentar como seu vice? Há possibilidade de composição com outros partidos? Quanto aos partidos políticos, já existe a adesão ao seu nome? E a relação com o estado, como a sente já que Ari Brum, o seu concorrente, conta com o apoio de Jorge Picciani e Paulo Mello, líder da bancada na ALERJ?
Dr. Mário Jorge:
Tenho nomes nos três distritos para fechar compromisso no momento certo para isso. Por ora, conversamos muito, ouço o que cada um deles tem a dizer, como e o que pretendem exercer para o papel de vice e quais os caminhos que apontam para a linha do nosso trabalho. Em relação a compor com outros partidos não vejo com resistência esta possibilidade.
Recebi o apoio de alguns partidos que vêem com entusiasmo minha candidatura. Nossa conversa se firma a cada dia, há muito trabalho para se fazer, mas estou motivado. Mesmo com o apoio que Ari mantém no estado, sinto que para as eleições municipais não haverá nos diretórios uma interferência. Creio que o processo democrático será mantido acima de qualquer interesse.
Jornal A Voz da Cidade:
Quanto aos candidatos (a vereadores) que lhe acompanham, o que espera deles se eleitos?
Dr. Mário Jorge:
É muito bom quando o prefeito tem aliados na bancada, mas não me afeta se eu vier a ser prefeito sem maioria no Legislativo. Exercer bem o seu papel é o que eu espero dos vereadores e não uma relação de benevolência que comprometa o dever de cada um.
O PMDB está se fortalecendo e tem uma boa nominata
Jornal A Voz da Cidade:
Cica Machado teve como escola a vice-prefeitura na vigência do seu governo. Que opinião sustenta sobre a administração Cica?
Dr. Mário Jorge:
Pelos recursos que, hoje, fazem parte da administração, valores com um montante acima do que todos os prefeitos passados tiveram, fez menos do que poderia ter feito. Na época que administrei tive que fazer malabarismo para sanear todas as obrigações da minha gestão. Tive que equacionar com o pouco que tinha para poder dar conta do que era essencial. Muitos não compreendem que administrei pagando contas resultantes dos mandatos anteriores e é muito difícil dar andamento à gestão tendo que equilibrar o orçamento com dívidas remanescentes. Tive problemas com royalties, herdei dívidas, pendência na folha de pagamento e, à época, os recursos que vinham para Cachoeiras eram mais limitados. Neste sentido, Cica recebeu uma administração muito mais enxuta e com recursos viáveis para a distribuição das obrigações.
Jornal A Voz da Cidade:
Se eleito pretende realizar audiências públicas, conforme exigido pela LRF?
Dr. Mário Jorge:
O município tem prefeito, não tem ditador. Se está na Lei, cumpra-se. Não vejo por que não trabalhar com transparência e usar a oportunidade de ter o cidadão como parceiro da administração. As audiências públicas são veículos diretos do exercício da cidadania, um avanço do direito social que pode ser muito útil para quem administra. Não vejo por que não realizá-las, seria negar-me a oportunidade de saber do cachoeirense se estou empregando o dinheiro público conforme a sua real necessidade.
Jornal A Voz da Cidade:
Quanto aos concursos públicos pretende realizá-los?
Dr. Mário Jorge:
Num primeiro momento, é necessário uma análise bem específica sobre a capacidade de realizar o concurso de acordo com o orçamento que teremos em mãos. Não adianta prometer o concurso se a folha de pagamento não comportar a demanda dos seus empregados. Mas já pensando nesta questão, acredito que o critério de admissão deve dar oportunidades justas para todos e ao mesmo tempo critérios de qualidade para o ingresso dos concursados na administração. Um curso de preparação para quem deseja participar do concurso resolve o critério de admissão e propicia que a administração aproveite o número necessário de pessoas para a ocupação dos cargos públicos, sem excluir as chances dos concorrentes.
Jornal A Voz da Cidade:
Qual será a sua relação com as cooperativas de emprego e de transporte?
Dr. Mário Jorge:
De fiscalização ostensiva. Em relação às cooperativas de emprego viso adoção dos contratos de trabalho por tempo determinado, com carteira assinada para garantir os direitos trabalhistas, e enviarei um projeto de lei para o Legislativo, no intuito da aprovação do projeto. Sendo o trabalho um direito social, não posso, dentro do que compete à administração, deixar que a empresa pública transgrida este direito. A regulamentação está na lei, que seja cumprida. Quanto às empresas privadas, compete a nós fiscaliza-las. É o que faremos. Em relação ao transporte, a fiscalização também será incidente. A lei que a regulamenta já existe e não creio que devemos mudá-la, e sim fazê-la cumprir.
Jornal A Voz da Cidade:
Sobre transporte, saúde e licitação, o que tem a dizer?
Dr. Mário Jorge:
Transporte: Compete ao governo agir para que a empresa pública cumpra a sua função social. Não é próprio do setor o lucro e sim a função de prestar o serviço com eficiência.
Quem está deficitário deverá adequar seus serviços e como dever da administração a correção será necessária.
Licitação: Não há muito o que dizer, o processo deve ser transparente, com uma concorrência leal visando à administração o melhor preço. Que seja cumprido desta forma e possa a transparência até dar margem à credibilidade necessária sobre a relação da prefeitura com as empresas privadas.
Saúde: A gestão tem que ser repartida com um profissional que vive o dia a dia do setor. A saúde é uma área, cuja realidade nacional é bastante deficiente. É claro que os municípios sentem os reflexos, ainda há muito por se fazer. Atuo como médico e constato que os principais problemas da área não estão sob controle. Não adianta ampliarmos muitos postos de saúde, por exemplo, se deixam de cumprir bem sua função por deficiência do sistema de saúde, por falta de profissionais ou por ausência de programas que lidem com a prevenção ao invés da medicina curativa. Para a saúde ir bem é necessário que todo o resto esteja em equilíbrio. Isso é uma realidade brasileira. Mas devo admitir que nem todas as coisas feitas visando melhoria do setor geram resultados imediatos.
Jornal A Voz da Cidade:
Existe um projeto apresentável para a sua campanha política?
Dr. Mário Jorge:
Estou traçando uma linha básica para o que possamos realizar no programa de governo. O diálogo que mantenho com a população de todo o município mapeará o direcionamento das verbas públicas, com muita coerência e muita análise. Nomearemos as prioridades, de acordo com a realidade em que se encontra o município e estamos a cada dia dando andamento a essa programação. Não fará parte dos projetos metas inviáveis com a realidade orçamentária ou as que possam desperdiçar os recursos. Vou manter o que já existe, positivamente, nos diversos setores com o aprimoramento contínuo. Ampliar certos setores sem dar conta da qualidade é algo que não faremos. Nossa preocupação será elevar a qualidade dos serviços já prestados e traçar metas para sanear, ao máximo possível, as causas que culminam num serviço deficitário.
Jornal AS Voz da cidade:
Dr. Mário Jorge, quais são as suas considerações finais?
Dr. Mário Jorge:
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