Rica é esta vocação que o homem possui para a arte. Dança, pinta, fotografa, compõe, interpreta, escreve, representa... Falássemos só da arte e nada soaria estranho. Até belo diria.
A dança, como expressão artística sobreleva o espírito humano à beleza dos movimentos. Trabalha o interno, desenhando sentimentos e estados d’alma refletidos com sensibilidade e emoção.
A cadeira - objeto singelo que apenas assenta - nas mãos do artista transforma-se em algo mais que objeto. Pode ser, por exemplo, o tema das exposições de vanguarda, ou assentar as idéias do ávido diretor ao exigir do artista a melhor performance em cena, e ainda servir de suporte para coreografias, quem não se lembra de Lisa Minelli naquele belo número do filme “Cabaré” ?
Cadeira e arte mantêm uma relação simbiótica. Uma desinterioriza, transforma o caos, expressa a alma do artista, a outra observa, cogita, critica, contempla.
Desde que os gregos criaram o drama, as cadeiras nos deram o lugar de expectadores.
Antiga, a política também se desdobra como arte. Arte de bem gerir, de governar, de negociar, de convencer... Vai-se longe o tempo que no cenário político homens fizeram com arte o seu papel de representar o povo. A estes sobrou a sensibilidade digna dos artistas, não venderam os seus ideais para a usura dos homens.
A política articulou a sua dança, bem distante, é claro, dos propósitos transcendentes da arte. Movimenta-se conforme a conveniência dos arranjos, conforme os compromissos quase nunca assumidos para o povo - o expectador mais alijado desta estranha arte.
Assim, as cadeiras dançam, assentam, se ocupam das massas corpóreas nem sempre pensantes, ou se pensantes, muito mais preocupadas com o umbigo do que com as “massas”. E onde houvera abandono, como filhos retornam para sentar e cear diante da mesa, no mesmo prato em que cuspiram um dia. E se esparramam, inaugurando uma coreografia eivada por ordens e objetivos, mais voltados às iguarias servidas pelas circunstâncias.
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