Falência da ética brasileira


“Gostaria de pedir um minuto de silêncio pela falência da ética no Senado Federal”. A frase parece resumir a indignação de inúmeros brasileiros em relação aos últimos acontecimentos. Quisera tê-la pronunciado primeiro, não por necessidade de chegar antes, mas por exercermos o direito unívoco de dizer aos governantes sobre as vergonhas postas à mesa. Conjecturações à parte, o que foi questionado não está resumido na pessoa do Senador, o voto inclinava-se sobre a defesa de valores bastante necessários ao fortalecimento da real democracia.

O resultado da votação que envolve o Senador Renan Calheiros é, indiscutivelmente, a visualização de uma moral em decadência, letalizada com dimensões de epidemia pelos nossos congressistas. Não explica, por mais que as vias jurídicas velem pela impunidade, a distorção cometida em nome da flexibilidade de uma democracia que, a efeito, deveria ser justa, jamais permissiva à transgressão.

A vergonhosa situação nas altas instâncias da República não comporta uma opção de regime que, a priori, deveria ser exercida com toda a dignidade possível, pois diferentemente da finalidade originária a democracia compreendida como o regime do povo, pelo povo e através do povo vem sendo vitimizada tanto quanto a nação que se desmilingue à bala ou de fome.

A má conduta dos nossos poderosos mandatários converge ao senso comum uma falsa idéia de que para o Brasil só é viável um regime autoritário como justa medida para o exercício da política. Ledo engano, mas devemos concordar que nem mesmo com a aderência da ditadura foi possível a correção e o aperfeiçoamento da liberdade dos direitos, tão ansiada nos dias de repressão.

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