Passagem


A passagem do ano é um período em que realizamos uma autocrítica e nos motivamos, sem falsa predisposição, a executar as decisões importantes.

Pausando a correria, refletimos sobre o que o cotidiano até então não permitia, e entre o óbvio e a descoberta, muitos de nós tardamos um sentimento de bem estar por não colocarmos em prática algo que poderia ter feito toda a diferença. Entre perdas e danos vale lembrar que o saldo será sempre positivo se a perspectiva se mover em direção ao que ficou de precioso: saúde, família, amigos e o amor.

Passando por ele, atravessamos o Tempo e abraçados pela Vida, cá estamos a realizar todas as manhãs o fenômeno maravilhoso da existência. Sim, viver é maravilhoso! E melhor é poder compartilhar com os que amamos: dotado do espírito gregário, o que seria do humano sem o a amor para compartilhar?

Grata, não quero falar sobre política, sobre guerra, sobre a dor existente no mundo. Tudo isso é pouco e demais para cada um de nós e como diz Caetano “gente é pra brilhar”.

Assim como a fome, a guerra, a desigualdade e a injustiça, o belo é também comovente e se não produz lágrimas, espalha entre nós um sentimento do quanto vale a pena ser e contemplar, com olhos sensíveis, isto o que se chama Vida.

A esperança no olhar do meu filho, o amor recebido daqueles a quem amo e saber que estou cá para cumprir o dever de evoluir e tornar útil a minha existência são graças cotidianas que me dão a dimensão de um elo maior com a constituição do universo e seu Criador...

Sem grande sentido poético – porque poesia é também amor e dor – venho dizer que se 2007 não aspirou boas palavras, não faz mal, ficou no ar algum silêncio com aroma de chuva e paz de vento bailando sobre as cortinas.

E o que foi feito do riso? Está em algum luar atravessando a janela, os painéis da memória e nos fazendo lembrar de um verão movido a pés descalços sobre areias mornas.

É claro, existe um ente que se perdeu, mas corre no sangue o privilégio por ter sido ele o responsável por lágrimas de amor e de alegria.

Se a fé foi pouca e a dúvida amiúde, puderam os olhos constatar novas paisagens, com direito ao frescor verdejante e uma amendoeira a sombrear o chão.

Que 2008 nos traga um amor ilimitado e possa ele tecer verdades novas, vasculhar as nossas emoções, os nossos desejos e proporcionar um reencontro genuíno de nossas vidas com este lado mágico de essência que carregamos dentro da gente.

Seja o nosso desassossego transformado em sentires inesgotáveis, e um pulsar palpitante quanto necessário venha se opor aos abismos cotidianos.

Que sejam teus passos, Gabriel, o lembrete diário de que cada um de nós traz em si um enorme oceano com espaços abertos ao sentimento, aos ideais, e aos sonhos - conduzidos a vento e velas sobre o perfume das ondas.

Felicidades para 2008!

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