Pesquisa versus opinião

Ser o melhor candidato não aduz relação com a possibilidade de êxito das pesquisas. Acostumados à influência das agências de propaganda – staff imprescindível ao resultado das eleições – a maioria do eleitorado brasileiro negligencia o poder analítico de sua memória e permite que as informações, massificadas pelos veículos de comunicação, exerçam o poder de decidir a escolha dos candidatos, a cada eleição.

É práxi que os concorrentes encomendem pesquisas para avaliarem a intenção de votos, e com uma boa dose de auto-sugestão conduzam o percentual de entrevistados na expectativa de induzir um nome.

Excetuando órgãos cuja seriedade oferece rigor técnico, como a Fundação Getúlio Vargas por exemplo, em avaliações de menor escala os resultados deixam a desejar e a credibilidade na tendência apontada deixa margem à duvida.

Qualificar um político como viável ou inviável não se define com a preferência de uma amostragem, até porque variáveis muito sensíveis como o nível de escolaridade do público eleitoral, a competência ou incompetência dos candidatos, a falta de concorrentes para acirrar a disputa eleitoral, entre outras, são aspectos bastante influentes na escolha.

Certamente, ainda que encontremos predicativos que nos façam considerar um político apto e competente, se o colocarmos sob um foco mais agudo, poderemos destacar o óbvio: são pessoas que possuem as mesmas subjetividades humanas, o que as incluem no rol da possibilidade de erro ou acerto ao manipular a esfera administrativa. O que varia é o nível da competência inerente a cada um.

As complexidades que formam um bom ou um mal político também emanam do caráter e não, necessariamente, do domínio prático. São inúmeros os casos de nomes experientes envolvidos em processos por mal uso do erário público.

Avançamos um período sensível, posto que eleitoral. E a indução das pesquisas, pesa nos resultados. Apesar de toda a liberdade democrática, ainda arrastamos uma imaturidade de pensamento, já que nem todos conseguem praticar a consciência política livre dos assédios eleitorais. Mas sempre há uma hora em que a necessidade nos torna mais exigentes e um momento bom para reclamarmos a qualidade também se dá por meio do voto.

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