Mulher

Foram muitas lutas que originaram o estado democrático de direito. Até conquistá-lo o Brasil atravessou perdas e danos e acumulou manchas como as ditaduras ostentadas na Era Vargas e nos meandros de 64.

Muitos gritos foram silenciados nos porões escuros do poder e muitos nos sufocaram na garganta a insatisfação e o protesto de brasileiros indignados.

Hoje herdamos a liberdade de expressão, de ir e vir e o direito ao voto secreto e majoritário. Herdamos a capacidade de escolha e de reclamá-la. Herdamos a cidadania. A participação feminina no campo da política, também herdamos a custa de muitas lágrimas e esforços.

Em plena censura e suspensão de direitos, algumas mulheres desbravadoras puseram o rosto à mostra e não tiveram medo de dizer a que vieram. Na condição de trabalhadoras, de donas de casa, de mães, de estudantes de companheiras, transformaram-se em defensoras ardorosas das liberdades e garantias individuais.

Umas perderam filhos e maridos para os órgãos de repressão. Outras sofreram o desaparecimento de entes, e algumas mostraram que a condição feminina está muito além dos moldes das sociedades machistas que acreditaram na mulher como um ser alienado.

Em todos os segmento, a presença da mulher foi crucial para desbravar caminhos. Sua penetração nas estruturas mais variadas da vida social tornou a sua atuação nada padronizada e intensamente política, num momento em que o homem tornara-se o lobo do próprio homem.

Da arte ao movimento “Tortura nunca mais”, as mulheres provaram que a sua aparente fragilidade é apenas um traço de sua natureza tão recheada de força e coragem.

Geramos em nós a magia da vida. Quem recebe do Criador esta dádiva possui o garbo próprio dos lutadores.

Plagiando Milton Nascimento:

“É preciso ter força”,

É preciso ter raça,

É preciso ter gana sempre.

Quem traz na pele esta marca

Possui a estranha mania de ter fé na vida “.

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