Ser o melhor candidato não tem necessariamente nenhuma relação com a possibilidade de se eleger. Acostumados à influência das agências de propaganda – staff imprescindível ao resultado das eleições - o eleitor brasileiro negligencia o poder analítico de sua memória e permite que as informações massificadas pelos veículos de comunicação exerçam o poder de decidir a escolha dos candidatos a cada eleição.
É práxi que os concorrentes encomendem pesquisas para avaliarem a intenção de votos, e com uma boa dose de auto-sugestão conduzam o percentual de entrevistados na expectativa de induzir um nome. Excetuando órgãos cuja seriedade oferece rigor técnico, como a Fundação Getúlio Vargas e o GALUP por exemplo, em avaliações de menor escala os resultados deixam a desejar e a credibilidade na tendência apontada deixa margem à duvida.
Qualificar um político como viável ou inviável não tem haver com a preferência insurgente de uma amostragem, até porque variáveis muito sensíveis como o nível de escolaridade do público eleitoral, a competência ou incompetência dos candidatos, a falta de concorrentes para acirrar a disputa eleitoral e etc. são aspectos bastante influentes na escolha deste ou daquele candidato mostrado na pesquisa.
Certamente, ainda que encontremos predicativos que nos façam considerar um político apto e competente se o colocarmos sob um foco mais agudo iremos destacar o óbvio: são pessoas que possuem as mesmas deficiências do que nós, o que varia é o campo da competência e da incompetência de cada um.
As complexidades que formam um bom ou um mau político também emanam do caráter e quanto menos conhecemos os concorrentes, mais chances temos de julgar pelas aparências. Recordo o caso Collor: maior público eleitoral votante formado por mulheres, segundo pesquisa de época, por ser noviço de português fluente e de boa aparência. E pensar que o nível de escolaridade dessas mulheres provinha de uma classe média condenada à decadência após o Plano Collor!
Hoje os resultados das pesquisas contam com o mesmo público eleitor que se distrai votando para a Casa do Big Brother. Dependendo desses eleitores, como levar a sério as pesquisas?! Ou melhor, como levar a sério os resultados?!
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